domingo, 8 de novembro de 2009

Abandonado

Mademoiselle D acompanhou o Senador C em todos os seus rumos.
Ainda que tivesse seus próprios rumos.
Deu-lhes força e ímpeto mesmo após todos os fracassos.
Justamente após os fracassos manteve-se com tenaz firmeza.
Não tão tenaz quanto à do Senador C, de vontade pétrea.
Para o bem e para o mal, infelizmente mais para o mal, ou bem que traz males.
Para a virtude e para o vicio, infelizmente mais para o vicio, ou para a virtude que flerta com um vicio de inflexibilidade.
Por isso a ameaça de encarceramento também pairou sobre a cabeça de Mademoiselle D.
Voluntariamente ela velou o prisioneiro por tempo considerável, lado a lado, divididos pelas barras.
Depois passou a visitas constantes, que foram lentamente se tornando mais espaçadas no tempo.
Diárias, semanais, quinzenais.
Mas o ritmo não se mantinha e vez outra se invertia.
Quinzenais, semanais, diárias.
Porém o tempo de cada visita diminuía constantemente apesar de sua freqüência oscilatória.
Finalmente Mademoiselle D também reprovou os rumos do Senador C, como todos os demais.
Buscou novos rumos e se satisfez com eles, ainda que vez outra olhe com saudosismo os antigos rumos, o que lhe traz asco se seguido do mínimo de reflexão.