Mademoiselle D acompanhou o Senador C em todos os seus rumos.
Ainda que tivesse seus próprios rumos.
Deu-lhes força e ímpeto mesmo após todos os fracassos.
Justamente após os fracassos manteve-se com tenaz firmeza.
Não tão tenaz quanto à do Senador C, de vontade pétrea.
Para o bem e para o mal, infelizmente mais para o mal, ou bem que traz males.
Para a virtude e para o vicio, infelizmente mais para o vicio, ou para a virtude que flerta com um vicio de inflexibilidade.
Por isso a ameaça de encarceramento também pairou sobre a cabeça de Mademoiselle D.
Voluntariamente ela velou o prisioneiro por tempo considerável, lado a lado, divididos pelas barras.
Depois passou a visitas constantes, que foram lentamente se tornando mais espaçadas no tempo.
Diárias, semanais, quinzenais.
Mas o ritmo não se mantinha e vez outra se invertia.
Quinzenais, semanais, diárias.
Porém o tempo de cada visita diminuía constantemente apesar de sua freqüência oscilatória.
Finalmente Mademoiselle D também reprovou os rumos do Senador C, como todos os demais.
Buscou novos rumos e se satisfez com eles, ainda que vez outra olhe com saudosismo os antigos rumos, o que lhe traz asco se seguido do mínimo de reflexão.
domingo, 8 de novembro de 2009
terça-feira, 27 de outubro de 2009
Banido
Mestre M é forte e vigoroso, poderoso e implacável.
Nos mantém unidos, nos mantém nós mesmos.
Somos todos gratos.
Apesar dos pesares e da rotina dos bares.
Seu H está sempre com ele. Juntos são sempre verdadeiros, fazem todos encararem a verdade.
Porque a verdade machuca, mas é a mentira e a ilusão que deixam seqüelas.
Estavam juntos na ocasião em que todos os erros do Senador C foram revistos, um por um, dos menores aos maiores, e não foi encontrado acerto.
Os erros fundamentais foram todos perdoados.
Neles ele não errou sozinho, obteve apoio e omissão dos demais.
Porém os erros médios e superiores lhe foram retidos.
É por eles que foi condenado à prisão.
E essa foi sua segunda condenação.
Outrora foi lhe sentenciado o ostracismo.
Quando todo o poder foi dado ao Tovarish V.
Sobre os ombros dele despencaram todas as responsabilidades.
Ele tem ombros grandes e fortes, muito fortes.
Mas nem tanto.
Nos mantém unidos, nos mantém nós mesmos.
Somos todos gratos.
Apesar dos pesares e da rotina dos bares.
Seu H está sempre com ele. Juntos são sempre verdadeiros, fazem todos encararem a verdade.
Porque a verdade machuca, mas é a mentira e a ilusão que deixam seqüelas.
Estavam juntos na ocasião em que todos os erros do Senador C foram revistos, um por um, dos menores aos maiores, e não foi encontrado acerto.
Os erros fundamentais foram todos perdoados.
Neles ele não errou sozinho, obteve apoio e omissão dos demais.
Porém os erros médios e superiores lhe foram retidos.
É por eles que foi condenado à prisão.
E essa foi sua segunda condenação.
Outrora foi lhe sentenciado o ostracismo.
Quando todo o poder foi dado ao Tovarish V.
Sobre os ombros dele despencaram todas as responsabilidades.
Ele tem ombros grandes e fortes, muito fortes.
Mas nem tanto.
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
YES, SIR!

domingo, 11 de outubro de 2009
Encarcerado
Segui-lo? Segui-lo quando ele só guiou para rumos errados.
Navegador ruim, conduziu a atoleiros e desertos.
Mau planejador, fez escolhas que não trouxeram frutos, na verdade não bons frutos, só amargos e azedos, dos que fazem mal ao estômago.
É por isso que você está preso, Sir R é seu carcereiro, e ninguém dá ouvidos aos seus gritos.
Como o membro da turma que sempre fala bobagem e por isso todos, ainda que ouçam, o fazem sem dar importância ou levar a sério.
Você é um condenado sem família ou amigos que o visitem, e esperem por uma possível liberdade condicional.
Mas você nunca cessará de tentar escapar.
O carcereiro terá vontade de deixá-lo ir, por mais de uma vez, mas pesará as conseqüências e se deterá.
Ainda assim a probabilidade de que você escape é grande.
Como é grande a probabilidade de que, combalido, retorne a prisão.
O carcereiro gostaria de poder decidir o momento de soltá-lo, mas isso está além de suas atribuições.
Navegador ruim, conduziu a atoleiros e desertos.
Mau planejador, fez escolhas que não trouxeram frutos, na verdade não bons frutos, só amargos e azedos, dos que fazem mal ao estômago.
É por isso que você está preso, Sir R é seu carcereiro, e ninguém dá ouvidos aos seus gritos.
Como o membro da turma que sempre fala bobagem e por isso todos, ainda que ouçam, o fazem sem dar importância ou levar a sério.
Você é um condenado sem família ou amigos que o visitem, e esperem por uma possível liberdade condicional.
Mas você nunca cessará de tentar escapar.
O carcereiro terá vontade de deixá-lo ir, por mais de uma vez, mas pesará as conseqüências e se deterá.
Ainda assim a probabilidade de que você escape é grande.
Como é grande a probabilidade de que, combalido, retorne a prisão.
O carcereiro gostaria de poder decidir o momento de soltá-lo, mas isso está além de suas atribuições.
sexta-feira, 24 de julho de 2009
O Velho e a Omissão
Quando era criança havia Velho andarilho que de tempos em tempos passava pela minha casa onde recebia da minha mãe comida roupas usadas e essas coisas, em troca sempre se oferecia para carpir o quintal. Minha mãe sempre dizia que não era necessário. Cresci um pouco e às vezes via ele pelas ruas da vila, sempre amável ele cumprimentava, eu nunca entendia o que ele dizia, tinha a fala confusa e poucos dentes, mas ele transmitia essa amabilidade, uma forte amabilidade. Se apoiava com um cabo de vassoura em cada mão e carregava muitos sacos nas costas amarrados na frente, andava lentamente. A mãe de um amigo meu que morava na mesma rua deixava que ele entrasse em seu quintal, dava lugar para sentar e lhe servia um prato de comida. Não sei precisar quando, ouvi provavelmente numa conversa que não se endereçava a mim, que o Velho era um Expedicionário. Também não sei precisar quando descobri o que isso significava, mas sabia que era alguma coisa com uma grande guerra que teria acontecido muito tempo atrás, meu pai contava histórias de gente que voltava de guerras, “Resto de Guerra” nunca voltavam com a cabeça no lugar. Certa vez o vi numa das ruas da vila quando passava um avião desses pequenos, passou baixo e fez barulho, o Velho empunhou um cabo de vassoura como se fosse uma arma, apoiando com um braço e mirando com outro ele disparava contra o avião. Mais uma vez não sei precisar mas acho que ainda era criança quando sobe pela minha mãe de sua morte. Eu cresci e descobri o que foi a Segunda Guerra Mundial, e embora historicamente a participação brasileira possa não ter sido a mais determinante ele lutou e salvou o mundo dos nazistas-fascistas. Diretamente ele teve o sangue nas mãos, o mundo ficou melhor, mas e ele? Para salvar a coletividade o indivíduo se destruiu. Quantos mais teriam morrido se alguns não tivessem derramado sangue com suas próprias mãos para “salvar o mundo”? Quantos seriam exterminados em campos ou esterilizados a força? Aquele que se recusa a derramar sangue numa situação extrema dessas ficará com o sangue das vítimas que não receberam ajuda em suas mãos, pelo pecado da omissão? Se for assim, nós que vivemos nossas vidas de maneira justa e pacífica, teremos o sangue dos que morrem de fome enquanto vivemos nossas vidas só para nós mesmos e para os que nos são caros, justa e pacificamente, pelo pecado da omissão? Pois se me é obvio que matar é um pecado, o que é não fazer nada enquanto pessoas são mortas? Pecado da Omissão... Gostaria de reencontrar aquele Velho e dessa vez entender o que ele dizia.
sexta-feira, 12 de junho de 2009
Assinar:
Postagens (Atom)